Tu também me procuravas e achei engraçado observar-te a fazê-lo sem ainda me veres, quando me encontras-te a ansiedade voltou e uma insegurança assombrou o momento, o meu momento, porque tu esbanjavas segurança e até talvez uma superioridade inconsciente, acreditei eu.
O nosso primeiro cumprimento foi de quem já se conhecia há décadas, mas o embaraço involuntário denunciou pela primeira vez o encontro dos nossos olhos e dos nossos sorrisos.
Confesso que me lembro de sentir algum receio e nervosismo durante aquele pequeno trajecto. Acho que te observei várias vezes pelo canto dos meus olhos e tua postura era a mesma: segura, confiante, qualquer coisa de misteriosa e extremamente calma, o que me deixava a mim num misto de sentimentos!
As palavras foram surgindo e as possíveis inseguranças iam perdendo o sentido. Os sorrisos presenteavam os diálogos e muito naturalmente aquele momento já era partilhado de igual modo por nós dois.
A confiança, o conhecimento das pessoas que éramos, os valores que partilhávamos, os gostos, as vozes...tudo já eram dados sentidos, conhecidos, respeitados e assumidamente de agrado para ambos. O que nos faltava?! O que procurávamos?! Empatia, a concordância da física?!...
O tempo parecia inimigo, sentíamos frio, o vento não parava e não permita ao sol aquecer-nos. Será que foi esta a desculpa, para conhecer as tuas mãos?! As tuas mãos! Adorei-as, pele clara, suaves, delicadas e muito meigas. Por instantes, deliciei-me a explorá-las através das minhas, os meus dedos percorriam cada pedaço dos teus… Queria tentar aquecê-las como se o teu frio parasse no momento em que o conseguisse.
A nossa cumplicidade natural foi-se assumindo de forma muito agradável, definitivamente conhecia-te há algum tempo atrás. Observava-te sem tu reparares, dava por mim a reparar em pormenores e a não conseguir esconder nada do que sentia. Não havia receios, inseguranças nem vergonha de mim, nem de ti, éramos como a água, transparentes um para o outro!
A tarde passava e o frio não nos deixava. Decidimos sair dali e fomos para tua casa. Agora de mãos dadas e bem mais confortáveis contemplava todas as tuas palavras e teus gestos. O tempo passava, passava rápido, mais rápido do que realmente queríamos.
Estávamos conscientemente juntos, os nossos corpos respiravam ao mesmo ritmo, as minhas mãos não largavam as tuas e o momento chegou… trocamos olhares, caricias e abraços. Já era noite, olhamos juntos para o ceu e comtemplamos, foi dos mais bonitos, mágicos e perfeitos momentos daquela noite. Naquele instante pensei se deveria beijar-te… não o fiz, não o tentei, mas apesar disso acredito que a mesma vontade te invadiu!
Apesar disso, não foi por aí que as coisas se alteraram, pelo contrário, a vontade aumentou e os sentimentos cresceram, e então foi nesse dia, que se desenvolveu o meu Amor por ti!